Escrever é uma tarefa extremamente complicada. Brincar com as palavras e organizá-las de uma maneira divertida não é pra qualquer um. E ouso dizer que nessa lista de brincalhões encontram-se poucas pessoas. Às vezes acontece de dois desses galhofeiros se reunirem e começarem algo muito gostoso de começar e muito difícil de parar.
Há alguns dias, a jornalista Marina Azaredo fez um entrevista com Luis Fernando Veríssimo.Os dois dialogam de uma maneira alegre, descontraída, divertida e cheia de brincadeiras sérias. Esse trabalho rendeu uma reportagem imperdível. Marina com suas perguntas postas em lugares precisos e Veríssimo, como um bom gaúcho, com sua língua afiada!
Confira um trecho da entrevista a seguir.
Terra – Entre os escritores brasileiros, você só perde em número de livros vendidos para o Paulo Coelho. Como é ser o segundo escritor brasileiro que mais vende no Brasil?
LFV – Olha, eu nem posso ser comparado com o Paulo Coelho, porque ele é um escritor internacional, vende muito bem no mundo todo. Eu vendo muito bem no Brasil, mas não no exterior. Então essa comparação não cabe.
Terra – Na sua opinião, por que ele é tão bem sucedido no exterior?
LFV – Acho que é fato de ele escrever livros na linha da autoajuda, do misticismo. Ele sabe fazer isso muito bem e acredito que por isso tenha um público tão grande.
Terra – Você já leu Paulo Coelho?
LFV – Não. Não tenho nenhum preconceito, mas é um tipo de literatura que não me interessa muito.
Terra – Você já disse que não está nas redes sociais e não tem nem celular. E o computador, você usa?
LFV – Uso o computador como máquina de escrever. Também uso muito o email e o Google, mas, fora isso, não uso muito.
Terra – O Google facilitou a vida?
LFV – Eu sempre digo que o Google é a erudição instantânea. Qualquer dúvida que você tem, é só correr ali e geralmente você encontra a resposta.
Terra – Há diversos textos falsos atribuídos a você circulando pela internet e você disse que já recebeu elogios por vários deles. Você lê esses textos? Tem algum que você tenha lido e gostado ou pensado “esse eu realmente poderia ter escrito”?
LFV – Tem um texto chamado Quase que andou circulando aí e é muito bom. Eu assinaria embaixo, se alguém já não tivesse assinado por mim. Eu inclusive conheci a moça que é a verdadeira autora do texto. Não foi ela que colocou na internet, foram os amigos que colocaram com o nome dela. Mas isso é uma coisa que a gente deve se resignar, porque não há o que fazer, não há como evitar isso. Qualquer um pode colocar o texto que quiser na internet, colocar a assinatura que quiser. Não há o que fazer.